23 maio, 2010

Na onda do Lost, seria o Brasil uma ilha?


Durante minhas mochiladas pela zoropa conheci muitos europeus que gostam bastante de viajar... Trocando e-mails durante esses anos todos, fui vendo que quando vêm pra América pulam o Brasil devido a nossos preços (viajar aqui é bem caro)...

Além disso, e mais importante pra esse post, é que os caras conheciam mais o Brasil do que eu conhecia cada país. No fundo, o que sabemos de Turquia, Grécia, Sérvia, Polônia... etc, etc? Eles conheciam tanto história quanto nossa cultura.

Não super a fundo, claro. Mas, por exemplo, não era difícil ouvir músicas brasileiras por lá.

Beleza, isso ficou na minha cabeça em stand by... Como conheciam sobre meu país, acho que passou despercebido. Meio que inconscientemente a gente acha que é obrigação deles.

Agora, mais recentemente, fui duas vezes pra Argentina e uma pro México. De novo, eles conheciam mais a gente do que eu acho que conhecemos eles. Eu, por exemplo, fiquei espantado ao descobrir que o voo pro México dura mais de 10 horas... Jurava que era perto ehehhe.

Ahh... pra viajar pro México fiz um intensivão de espanhol com uma colombiana, que não só conhecia o Brasil (nesse caso tudo bem, já que ela tá morando aqui) mas também conhecia bastante sobre os outros países latino americanos.

O ponto é: passando um pouco de tempo no México e na Argentina. Vendo sua TV, ouvindo suas rádios, conversando com seus taxistas, fui vendo que eles conhecem uma gama grande de cultura de outros países (principalmente os países hermanos latino americanos). As vezes tocavam músicas pelas quais eu me interessava e, ao perguntar, eu descobria que vinham da Colômbia, México, Venezuela, etc, etc e tal (inclusive do Brasil, mas dai eu não precisava perguntar rs). A TV têm os canais locais, os canais americanos (que assim como na nossa TV, são a maioria), um ou outro canal japonês, alemão, britânico e etc (assim como nossa TV a cabo) mas também tinha canais de outros países latino americanos. Inclusive nossa Globo. E eles assistiam.

No México, aliás, me parece que a cultura mexicana mesmo é bem mais vista do que a gente vê nossa própria. No sentido de que passam muitos filmes locais, e músicas locais. A impressão que me deu nesse pouquíssimo tempo é de que a gente vê muito mais coisa americana do que coisa local, em comparação com os mexicanos.

Dai me lembrei das minhas experiências na Europa (diga-se de passagem, por países fora do eixo turístico tradicional, então não sei se posso extrapolar minha experiência para todo o continente): os caras viam filmes de outros países, ouviam músicas, liam livros... conheciam um pouco sobre as línguas, sobre a história. Os rótulos dos produtos no supermercado eram quase sempre em várias línguas.

Eles sabiam dizer de onde vinha cada obra quando ouvíamos ou assistíamos algo...

Além do hábito de viajar: viajar parece mais comum, mais fácil. Cruzar uma fronteira não é o fim do mundo. E admira-se coisas de fora. Aqui, a impressão que tenho é de que sempre achamos que temos as melhores praias, as melhores mulheres, as melhores cervejas... não precisamos conhecer nada culturalmente novo... Por outro lado, quando temos um gringo, talvez por ser mais raro esse intercâmbio, pagamos pau. Tipo, não é uma coisa muito normal (afinal ele é gringo, wow!!!).

Pensando especificamente nos países latino americanos, poderíamos dizer que a barreira é linguística. Afinal, somos o único país falante de português, não seria fácil entender as coisas de nossos vizinhos.

Eu quase me convenci disso nas minhas divagações no voo de volta, mas depois veio a lembrança da Europa. O pessoal de língua eslava ouve nossas músicas normalmente, assim como outras. E ai, barreira linguística?

Será que não é algo além da língua? Será que não estamos mais propensos a nos fechar pro que vem de fora (exceto se fora significar Estados Unidos)? Ou será que o pessoal que eu conheci lá só conhece nossas coisas porque realmente somos muito melhores, e nesse caso nem precisamos conhecer mais nada?

Eu particularmente não acredito muito nessa superioridade.


Como já disse antes: conheço muitas pessoas e coisas incríveis lá fora, assim como aqui. E conheço coisa ruim lá fora, assim como aqui. Fronteiras são invenções políticas, mas o mundo é uma coisa só.

Partindo dessa premissa pessoal, acho que somos fechados mesmo, e não é culpa da língua.

Estou tentando corrigir isso de minha parte, principalmente através da música. Aliás, vou lá ouvir um sonzinho mexicano.

Hasta la vista!

(sem o baby, por favor)





21 maio, 2010

Google lança TV, ou: Sobre o big brother


Bacana. Mas, de certa forma, se eles quisessem poderiam saber o que temos assistido.
  
Falando em saberem o que fazemos, lembrei de uma notícia:

Carrinhos do Google Street View são pegos coletando dados pessoais de redes wifi enquanto tiram as fotos:
http://idgnow.uol.com.br/seguranca/2010/05/19/italia-franca-e-alemanha-investigarao-google-street-view/

Google diz que foi acidente e prometeu apagar tudo direitinho. Dada essa promessa, Inglaterra retirou queixas, Alemanha não e proibiu Street View até segunda ordem. isso me lembra também da própria, ficando bravinha com a China devido à invasão da privacidade deles.

E o Google Googles, viram? Muito louco
http://www.google.com/mobile/goggles/

Isso é massa, dará uma idéia de pra onde estamos olhando (literalmente, e em primeira pessoa).

Sem contar os Android com GPS e o Google Latitude mostrando onde estamos em tempo real.

Já falei das nossas listas de amizade no Orkut? Ou conversas no Gmail? E do tipo de buscas que fazemos?

A, claro, a cada dia mais e mais empresas usam "as nuvens" do Google docs pra guardar seus documentos de trabalho.

Ficam as perguntas,

- Porque, no filme, usaram o nome skynet?
- Quando aparece o primeiro T1000?
- Eu estar falando isso num site da Google vai fazer esse primeiro T1000 me caçar?

17 maio, 2010

A vida imita o vídeo? Ou: real versus idéia do real...


Esse é Quick topic, acho.

E a partir de uma reflexão antiga, apenas lembrei-me disso agora cedo, olhando a paisagem da sacada numa manhã fria. Sei lá por que...

Enfim, ano passado saiu o novo filme do José Mojica Marins (vulgo Zé do Caixão): Encarnação do Demônio. E esse filme teve uma boa recepção pela crítica tendo vencido pelo menos um festival como melhor filme.

Então, eu não assisti. Mas minha esposa assistiu e disse que ... (sim, era pra ser uma piada com o Silvio Santos). Voltando: eu não assisti, mas conversei com pessoas que assistiram. E não uma, nem duas, mas várias disseram que não entenderam o auê (ó o auê ai, ô) em torno do filme. Que é mal feito, não convence nada, ta na cara que é falso.

Ouvi até gente dizendo que filmes como “O Albergue” são muito mais “reais” ao mostrar as cenas violentas/fortes, ou outros filmes americanos.

Mas o ponto é: O Zé do Caixão usa cenas REAIS. A cena da piscina com baratas era realmente uma piscina com baratas (dizem que parte da equipe técnica nem participou da gravação, com medo). Pra cenas de cortes e ou body-suspension ele chamou masoquistas que realmente faziam aquilo por prazer e daí gravou.

Ou seja: o paradigma que algumas pessoas (pelo menos algumas poucas pessoas que conheço) usam como real, é aquilo que vêm dos filmes norte americanos. Tiros super barulhentos, carros explodindo, etc e tals...

Tudo bem, eu já sabia disso (acho que todos sabíamos):  

Que nossa cultura é muito influenciada pela TV/Cinema (nossa inclui eu mesmo, que fique bem claro), mas eu sempre pensei isso do ponto de vista ideológico.

Esse exemplo fez refletir que também do ponto de vista “físico”, palpável (nesse caso: como uma coisa se parece) temos pensado um pouco da maneira que Holllywood nos ensinou.