30 julho, 2010

Bang Bang, Faroeste, etc e tal

Listas, mais listas (será que rola uma lista de listas?)

Pra quem quiser fazer um catch up com os clássicos do western:
Era Uma Vez no Oeste (Sergio Leone, 1969)
Três Homens em Conflito (Sergio Leone, 1966)
Os Imperdoáveis (Clint Eastwood, 1992)
Meu Ódio Será Sua Herança (Sam Peckinpah, 1969)
Sete Homens e um Destino (John Sturges, 1960)
Butch Cassidy (George Roy Hill, 1969)
O Homem que Matou o Facínora (John Ford, 1962)
Por uns Dólares a Mais (Sergio Leone, 1965)
Por um Punhado de Dólares (Sergio Leone, 1964)
Os Invencívies (Ji-woon Kim, 2008)
Os Indomáveis (James Mangold, 2007)

21 julho, 2010

Filme do Tio Mário: O Espírito da Coméia

Lá vai o Filme do Tio Mário da semana. Quem num sabe o que é um "Filme do Tio Mário", por favor leia a intro desse post.

O Espírito da Colméia
Aproveitando os auspícios da Semana da Criança e ainda sob os eflúvios do nascimento do meu segundo filho, não poderia deixar de citar o meu filme favorito contando com crianças como protagonistas. E olhem que a concorrência é  braba: de "O Garoto" a "Sexto Sentido", passando por "ET", a lista é imensurável. Mas este "O Espírito da Colméia" (Victor Erice, Espanha, 1973) é realmente genial.

Erice é, como J. D. Salinger e Raduan Nassar na literatura, ou Terence Malick e Kubrick (este na segunda fase da carreira) no cinema, um diretor nada prolífico. Em 35 anos, dirigiu apenas 3 longas, mais 3 episódios em filmes multidirigidos.

"O Espírito da Colméia" resumidamente é isso: numa pequena vila na Espanha franquista de 1940, enquanto seu pai estuda o comportamento das abelhas em uma colméia e sua mãe escreve cartas para um destinatário inexistente (ou seja, o ambiente doméstico não era lá grande coisa), Ana e Isabel vão assistir ao Frankenstein, de James Whale (grande clássico do horror com Boris Karloff) em um cinema móvel (tipo circo, mesmo) que visitava a vila. Embora não tenham entendido direito ao filme, as meninas (que devem ter entre 6 e 8 anos) ficam muito impressionadas com a cena em que o monstro dá uma flor a uma menina. Isabel, a irmã mais velha, diz a Ana que o monstro (Frankenstein) efetivamente existe na forma de um espírito que não pode ser visto, a não ser que se conheça o modo correto de se aproximar dele. Ana começa então sua busca pela gentil criatura nos arredores da vila, só que, ao invés dele, encontra um desertor do exército escondido em um celeiro. Ana decide então ajudá-lo, alimentando-o e vestindo-o, julgando que o forasteiro seja de fato o "espírito".

Ana Torrent, que interpreta Ana, depois, ainda criança, fez dois belos filmes com Carlos Saura ("Cria Cuervos" e "Elisa, Vida Minha"). Quando criança, foi uma atriz absolutamente comovente. Recentemente pude assisti-la protagonizando "Thesis - Morte ao Vivo", do Amenabar. Ela até que foi muito bem, mas certas atrizes simplesmente não deveriam crescer...

Um filme maravilhoso, próximo da perfeição, completamente poético e, imagino, dificílimo de encontrar. Visto no Carbono 14, antigo reduto underground de São Paulo, nos anos 80. 

14 julho, 2010

Filme do Tio Mário: Malpertuis

Lá vai o Filme do Tio Mário da semana. Quem num sabe o que é um "Filme do Tio Mário", por favor leia a intro desse post.
O Cineclube de Bexiga ficava na Rua Treze de Maio, em São Paulo. A "Treze" era a meca dos bichogrilos, roqueiros, alternativos, boêmios, enfim todas as tribos tinham seu espaço nessa pequena babel cultural de São Paulo nos anos 80. Mas o principal, pelo menos prá mim, era o cineclube. Pequeno, acanhado, com somente um antigo projetor que obrigava a um intervalo forçado para troca de rolos no decorrer da sessão, foi um dos locais que me deram a chance de descobrir a Nouvelle Vague, Bergman, Neo-Realismo, etc.

O cineclube tinha um livro de visitas, onde os freqüentadores escreviam de tudo: poemas, críticas e principalmente, pedidos de filmes. O nome "Malpertuis" enchia páginas e páginas. Parece que quem tinha visto o troço nos anos 70 - aparentemente houve uma exibição do filme em alguma mostra ou ciclo especial - não esquecia. Eu, tomando meu café (é, o cineclube tinha um minúsculo coffee bar), ficava folheando este livro e morrendo de curiosidade para assistir o tal do Malpertuis (França/Bélgica/Alemanha, Harry Kümel, 1972). Numa próxima vez volto a falar do cineclube.

A oportunidade aconteceu na  9a Mostra de Cinema de São Paulo, em 1985. Lá estava ele, programado...e lá fui eu, assisti-lo. Prá início de conversa, existem diversas versões do filme. A última, restaurada pelo diretor e exibida em 2002 na Europa, é totalmente falada em flamengo, ao que parece o idioma original do filme (o diretor é belga). A que assisti no cinema, se bem me recordo, era falada em francês, com legendas em espanhol. Mas existem versões reduzidas, ampliadas, dubladas em inglês, alemão ou holandês - o que sem dúvida só contribui para aumentar o caráter cult do filme.

A trama é essa: Malpertuis é um castelo "assombrado", labiríntico e inescapável para quem o habita. Cassave (Orson Welles, excelente e completamente preguiçoso) está em seu leito de morte e deixa em testamento uma fortuna considerável para seus herdeiros, os quais devem por contrato viver até o final de seus dias em Malpertuis. Jan, um sobrinho de Cassave recém-chegado ao castelo, constata a estranheza dos tipos que compõe sua "família" - mistérios que serão revelados ao final da epopéia (aliás é um final daqueles reveladores e apoteóticos).

Os principais elementos utilizados pelo diretor são a composição surrealista e a mitologia grega, temas caraterísticos de Jean Ray (também belga, assim como o diretor Kümel), um dos melhores escritores europeus de literatura fantástica. Na minha impressão, um filme exemplar, de visual belíssimo e inventividade assombrosa, marcas do diretor Kümel, de quem depois acabei assistindo o anterior "Lábios de Sangue" (também chamado no Brasil de "As Escravas do Desejo" - Les Rouges aux Lèvres, Bélgica/França/Alemanha, 1971), também excelente e sobre...vampiras !!! Mas esse fica prá outro dia...

Uma boa notícia é que, com uma boa garimpagem, pode-se conseguir o VHS nas locadoras. Foi lançado como "Malpertuis - Estranhas Fantasias", acredito que pela Globo Vídeo. Boa sorte !!!!

[Math, de novo] Relendo essa dica hoje, lembrei que agora tenho o "As Escravas do Desejo"  (Les Rouges aux Lèvres) também citado acima. Tá guardado, ainda não assisti. Baixei numa leva de filmes de vampiras que peguei uma vez. Agora vai ganhar prioridade na minha fila dos a ver

06 julho, 2010

Filme do Tio Mário: O Quarto Homem

Lá vai o Filme do Tio Mário da semana. Quem num sabe o que é um "Filme do Tio Mário", por favor leia a intro desse post.



Engraçado, este filme foi o maior hype da 8a Mostra de Cinema de SP (em 1984, quando tive a oportunidade de assistir), e nunca foi lançado comercialmente no país. Soube que, em outubro de 2004, o Carlos Reichenbach promoveu uma sessão deste filme no CineSesc (não me perguntem como ele arrumou esta cópia, com legendas em inglês - deve ser a mesma que exibiram em 1984 !!!) e quem sabe alguns de vocês de Sampa e arredores tiveram a chance de ver.

Mas voltando à vaca fria, "O Quarto Homem" (De Vierde Man, Holanda, 1983) é o sexto longa do diretor Paul Verhoeven (antes já tinha feito por exemplo os elogiados "O Soldado de Laranja" e "Spetters" - se não me engano o Gilmar da lista assistiu este último e pode dar seu pitaco), que depois se bandeou para os States e fez coisas bem legais como "Robocop", "Instinto Selvagem" e "Total Recall" e também algumas cacas como "Showgirls".

A história é basicamente essa:  Gerard (Jeroen Krabbé) é um controverso escritor homossexual, católico e alcoólatra. Ao romper brutalmente com seu jovem amante, entra em crise e começa a ter constantes alucinações de ordem mística e ultrajante, referentes ao seu catolicismo. Ao ser convidado para proferir uma palestra em uma pequena estância balneária, acaba sendo seduzido pela cabeleireira Christine (Renée Soutendijk), uma estranha e sensual viúva, suspeita de ter assassinado os três maridos anteriores. Gerard se descobre mergulhado num pesadelo de blasfêmias e ambíguos desejos homoeróticos.

Bem, essa foi uma sinopse adaptada do Reichenbach. O filme é beeeem mais que isso, possui toda uma atmosfera de mistério e sensualidade. Tem um clima estranho, gótico, misturando thriller, drama, comédia. O roteiro é muito original, privilegiando o misterioso passado de Christine e o atribulado presente de Gerard. O erotismo é intenso e as cenas de delírio de Gerard são completamente antológicas.

Assim como o "Basket Case", da semana passada, quem puder me arrumar uma cópia deste filme eu agradeceria muito.