28 janeiro, 2011

Agito (ou Egito) BBB 2011


Duas reações diferentes...

Uns dias atrás o ex-namorado de uma(um) atual BBB, ex-homem, ilustre ex-desconhecido(a) e atual conhecida(o), mas provavelmente futura(o) desconhecida(o) anunciou algo sobre essa pessoa. Reação na empresa onde trabalho: euforia, todos querem saber qual foi o anuncio.

Mais recentemente duas ilustres ex-desconhecidas do mesmo BBB se beijam. Reação ao meu redor ao lerem a notícia: sala em polvorosa (s.f. azáfama; grande atividade; agitação; rebuliço). Pessoas param o que estão fazendo pra ler sobre o fato, olhar pra tela do portador da mensagem.

Tá... vá lá... Num sou nenhum obervador de vidas alheias, muito menos de desconhecidos (atuais, ex, ou futuros), mas tem gente que gosta disso.

Hoje: sai na mídia que o Egito cortou a Internet de sua população. Reação das pessoas ao meu redor: nula. Reação que leio em posts na net, buzz, facebook, etc: "Onde já se viu, se fosse aqui eu ficava louco!", ou então "País de merda que faz uma coisa dessas, têm que se fuder mesmo". 

Tá... vá lá... as vezes as pessoas não conhecem o que tá acontecendo e emitem opinião no calor do momento sem tentar entender mais a fundo. Eu faço isso o tempo todo...

Um pouco depois um colega mostra na tela dele as cenas em tempo real transmitidas pela Al Jazeera, conseguindo transmitir via satélite, mesmo durante o "apagão informacional" do governo. E mesmo enquanto o exército invade o próprio prédio de onde estão transmitindo. Eram cenas de guerra, típicas de filme mesmo. Reação das pessoas: nenhuma. Algumas olham (algumas poucas) e voltam a falar da novela. Ou, quando tecem algum comentário, é na linha do "país de merda, merece mesmo".

Caras, nada contra nenhuma pessoa ou contra interesses dessas pessoas. Cada um cada um, cada qual cada qual. Eu gosto de Buffy rs.

Mas isso me fez divagar e querer postar de novo, e se todos têm direito a se expressar, eu também tenho.

O Egito, e a Internet.

Um governo ditatorial de mais de 30 anos é questionado pelo seu povo. As manifestações são agendadas e organizadas pela Internet. 

Alguns usam a internet pra ver putaria, outros pra fofoca, outros pra cultura, alguns pra flash mobs (como andar de cueca por São Paulo). Os Egipcios resolveram usar pra organizar um movimento de resistência.

Mais do que isso, a Internet acabou sendo um meio para escrever a história enquanto ela ocorre, e do ponto de vista do oprimido e não do opressor. Olhem a wikipedia (até o momento em que escrevi esse post tava lá a página):

Ou seja, muita informação. E até um nome pra data, o "Day of Anger"! E tô falando sobre algo que ainda está acontecendo.

Na mídia "formal"? 

Fizemos questão de ligar a TV agora há pouco, as noticias que aparecem nos textos durante a programação da Globo News são do tipo: "manifestantes queimam carros", "manifestantes queimam prédios", "manifestantes queimam ônibus". Num dão muito destaque (embora tenham sim citado) ao regime, às condições de vida, nem tampouco às pessoas que estão se queimando (isso mesmo: colocando fogo em si mesmas até a morte) em protesto. Também não falam da população receber os manifestantes com alegria, acenando das janelas com bandeiras do Egito.

Voltando à Internet

A wikipedia, os blogs, e a Al Jazeera estão lá, contando a história sob outra perspectiva pra quem quiser ler. A história, olhem que raro, não está sendo re-escrita depois, pelo vencedor, mas está sim sendo escrita sincronicamente por ambos os lados.

Pera ae! O povo tá usando a Internet pra se organizar, e depois ainda por cima pra contar a história? O que o governo faz? Derruba a Internet (em dimensões sem precedentes até hoje), claro. E já aproveita e derruba as redes de celulares também.

Voltando à motivação do post. Qual a reação que vejo de pessoas nos posts a que eu tenho acesso quanto a isso? "Paisinho de merda, tem que se fuder", "Nossa, imagina eu sem minha Internet!".

O que nos chama a atenção.

Futebol chama a atenção. Fofoca chama a atenção.
 
A "história" acontecendo agora? Nãããão, deixa pra lá. Uma estação de TV sendo invadida pelo exército em tempo real? Xiii... é tudo muçulmano, num tem interesse pra mim.
 
Me pergunto: se fossem cristãos, será que chamaria mais a atenção? Se fossem parentes /conterrâneos de um dos Big Brothers, que tivesse comentado no ar sobre o conflito,  talvez? Ou se a globo resolvesse mostrar mais a fundo? 

Ou não, talvez toda essa discussão sobre ditaduras, uso de midias, direitos humanos, mortes, rebeliões, realmente não seja interessante mesmo.

Outra viagem que tive: se a mesma história tivesse sendo contada por um diretor pop, como o Emerich ou o Spielberg, e com toda aquela aura midiática de Hollywood, será que seria minimamente mais interessante do que ver o the real thing acontecendo?

Reality versus Real

Essa última viagem, sobre se o mesmo caso sendo contado por um diretor de Hollywood seria mais chamativo, me leva a outras divagações malucas.

Como disse o Auro, o que é exibido como realidade é tratado com tanta naturalidade que quando o que é real de fato toma parte, é rejeitado com a alcunha de falso, irreal, desinteressante.

Não tem graça ver uma rebelião de verdade, parece até mentirinha.

Me lembrou de umas críticas que ouvi quanto ao último filme do Zé do Caixão, diziam por ai que é "tosco", irreal, mal feito. Mas o filme dele usa cenas reais, no sentido mais estrito da palavra. Ele contrata, por exemplo, masoquistas, pra serem feridos de verdade enquanto ele filma. Mas isso acaba sendo chamado de "mal feito", tosco, irreal. O padrão de realidade parece ser ditado pelos filmes de ficção. 

Será isso uma verdade: "Baudrillard claims that our current society has replaced all reality and meaning with symbols and signs, and that human experience is of a simulation of reality" ??? (http://en.wikipedia.org/wiki/Simulacra_and_Simulation).

O que isso tem a ver com toda a discussão inicial? 

Sei lá, lógica meio não-linear e viajante, mas acho que o resumo seria mais ou menos:
  • Preferimos a ficção en detrimento da realidade?
  • Somos influenciados pela midia de massa ao decidir no que iremos nos interessar?
  • A ficção definiu um novo paradigmna do que seria real?
  • Tá tão calor que eu prefiro ficar escrevendo coisas non-sense na frente do ventilador em relação a deitar na cama e ver um filme?

Auto-crítica

Isso tudo leva a repensar minha relação com algumas coisas. Toda essa crítica se aplica a mim mesmo em várias situações, ver algo "ruim" e considerar normal. Sei lá. Não vou virar nenhum humanitário a partir de hoje, mas repensei algumas coisas.

07 janeiro, 2011

Momento Zé Graça

Nessas férias, assisti a algumas chamadas de novelas, na Globo. O formato é sempre o mesmo, a trama sempre tem um ranço de coisa reaproveitada... resultado dessa reflexão um tanto óbvia, resolvi reaproveitar um lance que eu escrevi sobre novelas, há algum tempo.

Quem sabe não me contratam como auxiliar da Glória Perez? ;)

"Minhas novelas", (originalmente escrito/divulgada em 06/2009):

Enquanto as novelas de Manoel Carlos normalmente se dedicam aos dilemas da classe média carioca, Glória Perez produz textos baseados em uma concepção ousada de geografia e cultura - é quase como uma National Geographic distorcida. A fórmula é conhecida: ciganos (Explode Coração), a Turquia e a clonagem (O Clone), imigração ilegal (América). Agora, a autora aponta para a Índia, com a novela que ganha o prêmio de referência histórica mais infame da televisão brasileira - Caminho das Índias. Nada como culturas exóticas sendo adaptadas para os padrões globais de dramaturgia, né?

Ok, são apenas novelas, e eu não quero fazer uma crítica áspera à produção cultural da televisão brasileira. Pelo contrário, quero fazer uma sugestão à autora... que tal procurar novos lugares e culturas exóticos para serem pasteurizados e avacalhados no horário das oito? Aí vão algumas sugestões para novas novelas:

(entra a narração off típica da Globo)


Vem aí... Ponte da Amizade, a nova novela das oito!

Juan Martinez (Thiago Lacerda) é um jovem paraguaio ambicioso, que herdou de seu tio (Tarcísio Meira) o comércio de cigarros falsificados em Ciudad del Este. Após uma noite de problemas com a Polícia Federal brasileira, ele conhece Pedro Almeida (Fábio Assunção), um brasileiro de Foz de Iguaçu, que está no Paraguai procurando por sua irmã desaparecida, Antonieta (Débora Secco). Ela foi enganada por promessas de vida fácil nos charcos paraguaios, e agora é refém de Pablo (Nuno Leal Maia), um peruano que vivia na Bolívia e muitas coisas trazia de lá. Juan e Pedro irão se aventurar no submundo paraguaio, procurando a jovem desaparecida, e provando o verdadeiro valor da amizade!

Participação especial de Antônio Fagundes e Stênio Garcia, como Pietro e Biño, dois caminhoneiros paraguaios que se metem em muitas ciladas!

De Glória Perez, Ponte da Amizade, a nova novela das oito!

(sobe a trilha sonora, tocando uma guarânia)

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Vem aí... Guantânamo, a nova novela das oito!

Hussef (Wagner Moura) é um jovem descendente de afegões, condenado injustamente pelo governo americano. Ele consegue escapar de seus algozes norte-americanos com a a ajuda de Concepción (Priscila do BBB, em sua estréia em novelas), uma pobre, mas honrada, trabalhadora cubana das plantações de cana de açúcar. Logo, o pobre americano-afegão descobre o valor da simplicidade e do amor, ao apaixonar-se por Concepción e conhecer seus pais, Carlos (José Mayer) e Maricota (Suzana Vieira) e seus irmãos, Pancho (qualquer ator adolescente da Malhação) e Maria Joaquinha (qualquer atriz mirim da Globo). Tudo parecia ir bem, até que um espião do exército americano, Thomas Suaréz (aquele cara que parece o Tom Hanks) chega à Guantânamo, para caçá-lo!

Participação especial de Carlos César Pereio, como Alejandro Casillas, o ditador cubano, e Cristiane Torloni como Louise Veronica, a corrupta embaixadora brasileira em Cuba.

De Glória Perez, Guantânamo, a nova novela das oito!

(sobe a trilha sonora, tocando uma salsa)


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Vem aí... Sete tons de branco, a nova novela das oito!

Stênio Garcia é Bin... digo, é Nunook, um esquimó Inuit. Último sobrevivente de um desastre ecológico no norte do Alasca, Nunook procura se adaptar à vida dos brancos em Anchorage. Para isso, ele conta com a ajuda de Veronica Fish (Vera Fischer) e Thom Bear (Tony Ramos), dois simpáticos e atrapalhados comerciantes de peixe e traficantes de óleo de baleia, que vivem em pé de guerra. Sua problemática filha adolescente, Moonshine (Marjorie Estiano) é o elo de ligação do simples Nunook com o mundo dos brancos. Ela irá descobrir o amor quando o sobrinho desaparecido de Nunook, o jovem Dunook (Cauã Reymond) reaparece misteriosamente. Mas esta paixão será atrapalhado por Gabriel, o rico estudante de intercâmbio brasileiro (aquele guri que fez o Cazuza), herdeiro da rica família Cavalcante (quaisquer atores que façam papel de ricaços na Globo...).

De Glória Perez, Sete Tons de Branco, a nova novela das oito!

(sobe a trilha sonora, tocando... ah, sei lá...)