07 novembro, 2011

Sobre os “maconheiros da USP” versus os “facistas a favor da polícia”

Jurei que não ia mais ligar com comentários na Internet depois de levantar a hipótese de que isso é tudo um complô pra “trolar” a mim, ao Auro e ao Pablo. Mas lendo algumas notícias esse final de semana não me segurei. Quanta desinformação e críticas idiotas eclipsando uma discussão possivelmente interessante (ou várias discussões possivelmente interessantes)!!! Dai escrevi isso aqui a principio num e-mail e agora pra descansar um pouco depois do café resolvi postar.



De um lado, os “direitosos facistas

De um lado os blogs vermelhos dizendo que polícia nos campi não muda em nada a segurança e (e agora vem a parte que me irrita) chamando qualquer pessoa que é a favor da polícia de facista, nazista e coisas do gênero.
E dai acabam desvirtuando a discussão, extrapolando o rótulo de facista pra qualquer pessoa com uma opinião mais alinhada à direita. Assim se se pratica uma repressão contra formas diferentes de pensar que me lembram justamente o... ahn... facismo!!
Acontece que vemos segundo os dados oficiais, que o índice de crimes dentro da USP caiu em mais de 90%depois do convênio com a PM. Ou seja, parece que está sim adiantando.



Do outro lado, os “esquerdosos maconheiros

Então vem a mídia mais “formal” generalizando e extrapolando no outro sentido. Sendo a cereja do bolo, em minha opinião, a Veja com a matéria dizendo que: a “Democracia de fardas” foi atacada a pedradas por maconheiros, e que todo o movimento que estamos vendo essas semanas é tão somente pra não deixar prender esses “maconheiros”.  
O pior é que nos comentários dos leitores vi que essa sementinha cresce e cresce e floresce a ponto de ter uma galera criticando a existência em si de cursos de sociologia e filosofia, como antros de maconheiros baderneiros que são inúteis para a sociedade.
(abre parênteses pra um desabafo sobre a democracia de fardas)
Com todo o respeito pelos policiais honestos (que devem ser a maioria), mas “Democracia de fardas” foi foda. Uma vez tive minha casa assaltada e os policiais apareceram mais de uma hora depois, dizendo que não tinham como tentar achar os bandidos por falta de homens (eles tinham a descrição das pessoas e do carro) e disseram inclusive que nem iriam fazer o BO ali que dava trabalho, eu que me dirigisse (sem carro e sem dinheiro) até a delegacia que ficava beeem longe em outro bairro. Estranho, mas até o momento poderia ser verdade. Nem quatro dias depois um rico do mesmo bairro morando a poucas quadras é assaltado e em menos de 10 minutos havia vários camburões e helicópteros rondando (sério). Claro que a culpa não é exatamente dos policiais que estavam fazendo seu trabalho, alguém deve ter tomado as decisões. Mas foi bem democrático mesmo, né? Há vários outros exemplos aqui, mas não é o motivo do post.
(fecha o parêntese do desabafo sobre a democracia de fardas)



Um pouco de histórico

A discussão sobre polícia militar versus universidades é antiga, bem mais antiga do que esse caso dos 3 maconheiros/estudantes de agora. Não acredita? Então vamos lá...
Em um livro chamado “O livro negro da USP” (de autoria coletiva de vários professores) eles remontam essa discussão lá pra década de 40.
Tem quem não acredita nisso, vá lá. Afinal são teorias sobre a função social da universidade e de como a presença de uma força militar coibiria o livre pensamento e tals. Mas são teorias, e cada um acredita no que quiser.
De qualquer forma, ainda no “histórico”, tem dados menos subjetivos do que esse livro (e vários outros), como a listinha abaixo.
>> Apenas nove dias após o golpe militar, o que eles invadiram e quem eles caçaram? Não vou nem responder a essa pergunta retórica. E não foi só essa primeira invasão não, o histórico de invasões à universidades e torturas por parte da ditadura durou muito.
>> Em 1969 o governo criou o “Decreto-Lei nº 477”, elaborado pelo Conselho de Segurança Nacional, especialmente para silenciar estudantes, professores e funcionários das instituições de ensino.
>> Depois, em 1970, a mesma galera da ditadura teve a grande ideia de colocar a Academia de Polícia na entrada da universidade.
>> Dai, em 1973, veio a criação da “Assessoria Especial de Segurança e Informações (Aesi)”. Implantada na USP com objetivo selecionar os funcionários, colher dados sobre atividades subversivas, levantar informações sobre alunos, entre outras cositas más. As invasões de salas de aulas, com prisões de professores e alunos, aumentaram muito. A Aesi acabou em 1982.
>> Dai vem a nova Constituição Brasileira, de 1988, trazendo pela primeira vez o princípio da autonomia universitária plena; Embora ainda muito se discuta até hoje sobre o que seria essa “autonomia plena”, a polícia foi perdendo aos esse papel de controlar o que se passa dentro da faculdade. A tal da “guarda universitária” da USP ganha peso.
>> Em 2009 a PM volta a entrar na USP, devido uma greve pedindo o de sempre (salário, melhores condições, etc, etc). Alguém chuta o final da história? Ela terminou em confronto, balas de borracha, bombas de efeito moral e gás de pimenta.  
>> Em 18 de maio último morre um estudante durante um assalto, e a PM ganha mais presença dentro da USP, assim como as discussões de se ela deve ou não estar lá dentro ganha nova força.
>> Mais recente - e quase acabando a historinha (juro!) - em 8 de setembro agora Antonio Ferreira Pinto (secretário estadual da Segurança Pública), coronel Álvaro Batista Camilo (comandante do policiamento do estado), e pelo professor João Grandino Rodas (reitor da USP)  assinam um convênio aumentando mais ainda a presença militar dentro da USP.
(parênteses sobre o reitor)
Não que seja diretamente ligado, longe disso, mas acho que de certa forma apimenta um pouco essa história o fato de o reitor Rodas ter sido escolhido pelo Serra através de uma nomeação que ignorou a votação da comunidade acadêmica, que teria eleito Glaucius Oliva como reitor. Direito do Serra fazer isso, o resultado da votação é apenas uma sugestão ao governador que é quem decide o nome. Direito dele, mas algo não muito comum depois da ditadura. Tanta polêmica o reitor causou com sua linha dura. Até considerado oficialmente "persona non grata" pela faculdade de direito da USP (aka Largo da São Francisco).  Título inédito, e olha que eles tiveram alguns ditadores lá dentro (e tô falando da São Francisco, não da FFLCH).
(fecha parênteses sobre o reitor)
>> Finalmente chegamos no estopim que gerou às notícias das últimas semanas: 3 alunos estariam portando maconha e as “rondas ostensivas” da PM de São Paulo (quem se lembra da sutileza da Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar, também chamada de ROTA, levanta a mão) vem gentilmente pedir pra eles os acompanharem até a delegacia (apesar de que porte de drogas não daria prisão, até onde eu saiba). Mesmo com o pedido sendo totalmente gentil e sutil, os alunos, vários professores e vários funcionários perdem a cabeça e saem enlouquecidos contra os policiais bonzinhos que só vêm uma alternativa que seria o uso – de novo – de bombas de gás e tiros de borracha contra a horda de alunos e professores alucinados, ensandecidos e perigosos.
>> Após essa abordagem da polícia, o protesto contra a presença da polícia no campus ganhou escala e finalmente explodiu com a invasão (ocupação?).
Isso falando da história da PM na USP. Se pegássemos, por exemplo, a UNB, a história seria muito maior.
All in all, o ponto é que a coisa é um pouco mais complicada do que: “3 maconheiros tentando acabar com a formação intelectual do Brasil, que felizmente foi salva pela maravilhosa democracia de fardas. Então uma onda de loucura se abateu sobre outros alunos e sobre os professores que querem soltar os maconheiros de qualquer forma”.



Quer discutir? Vamos discutir coerentemente

O resumão é: estou indignado não com a opinião de um lado ou de outro, ou seja, não me indignam opiniões pró ou contra PM em um campus. Eu mesmo ainda não tenho opinião sobre tal. Sério.  
Acho a discussão disso muito bem vinda, por sinal.
Também a discussão adjacente que está surgindo em muitos dos posts que li, sobre a descriminalização da maconha, pode ser interessante e bem vinda. Mas se discutida com seriedade e não com xingamentos e estereótipos.
Estou indignado sim é com a desinformação e as generalizações idiotas que vem sendo feitas.
Algumas frases soltas pra terminar, meio que mostrando minha opinião contrária à muita coisa que andei lendo repetidamente nos comentários por ai:
>> Estudantes da FFLCH, ou quaisquer estudantes de sociologia ou filosofia não são um bando de maconheiros inúteis.
>> Fumar maconha é proibido, é ilegal (embora, até onde sei, não punível por prisão). Mas isso não faz com que a pessoa esteja errada em todo e qualquer aspecto da vida. Dirigir acima da velocidade ou depois de uma cervejinha, ou não dar preferência ao pedestre, também são atitudes ilegais (e que matam muito mais por sinal) e nem por isso todo mundo que dirige assim de vez em quando é um filha da puta que merece morrer e está errado em quaisquer aspectos de sua vida.
>> Comprar num camelô também dá dinheiro para o crime organizado.
>> A discussão sobre se a soberania da faculdade deveria ou não contemplar a ausência de polícia militar dentro da mesma é mais bem antiga do que esse caso dos 3 estudantes e já estava sendo discutida antes (desde a década de 40!). Isso foi um estopim pra a manifestação mais recente (assim como já ocorreram várias outras no curso da história).
>> Uma pessoa que tenha opinião a favor da polícia no campus, sejam quais forem seus motivos, não é um facista tampouco um idiota.  Nem é um idiota aquele que acha que um reforço para a guarda universitária seria a saída.
>> Discutir baseando-se em xingamentos e estereótipos não leva a lugar nenhum, é apenas uma batalha de egos idiota.
>> Mesmo se você acredita que a PM não deveria entrar no campus, uma coisa é fato, a criminalidade aumentou muito dentro dos campi nas últimas décadas. Já temos assassinatos e estupros, e algo deveria ser feito a respeito. Aparentemente a PM coibiu os crimes.
>> A existência de maconha dentro dos campi não é algo novo, não está acabando com o futuro acadêmico (li isso, sério!).  Ela sempre existiu. Existiu e ainda existe em todos os cursos, por sinal, quer sejam de humanas quer sejam engenharias, direito ou medicina. Nem por isso não temos produzidos bons pensadores, médicos, cientistas, idéias, etc.
>> Tem gente que acredita que todo o lance de discutir repressão a maneiras diferentes de pensar está errado por princípio, já que as universidades seriam apenas cursos profissionalizantes que te dão um diploma que por sua vez te dará um salário melhor. Nesse caso preciso opinar, já tenho uma opinião forte contrária a isso, mas apesar de eu ser contra essa linha de raciocínio quem pensa assim tem direito de falar e defender sua opinião sem ser ofendido.
>> Transformar um protesto político (seja a invasão/ocupação a melhor maneira de protesto ou não) que tem como objetivo a retirada da polícia do campus da USP (quer seja esse objetivo algo louvável ou não), em um protesto contra a prisão de maconheiros é, pra dizer pouco, intelectualmente desonesto. Além de ser também uma maneira fácil de levar o grande público a repudiar tal protesto já que o tema 'drogas' quase sempre é um tópico de consenso (como ouvi por ai e estou copiando, aliás), é como Hitler: caso você fale mal dele, sempre estarão ao seu lado e assim fica fácil convencer quem não está acompanhando tudo com senso crítico.

25 setembro, 2011

Post utilitário: checklist para uma viagem à Zoropa


Ae, tava aqui lavando umas roupas pra começar a fazer as malas pra viagem semana que vem e comecei a organizar mentalmente o checklist. Dai resolvi compartilhar aqui, as vezes ajuda alguém a não se esquecer de nada. É pra uma viajem específica em uma época do ano específica, então adaptem o necessário. 

Muita coisa ai é baseada em albergues e apartamento alugado em países não falantes de inglês (então pode ser difícil comprar em caso de emergência), se for hotel  ou grandes centros onde se fala inglês não precisa tanto.
 
Enjoy!

BAGAGEM
  • Mochila pequena, para passeios (máximo 5kg carregada)
  • Capa de chuva /  Capa de chuva para mochila / guarda chuvas
  • Cadeados pequenos para fechos das mochilas, com segredo ou chave reserva.
  • Cadeado pra armário de albergue com segredo ou chave reserva
  • Etiquetas de identificação da bagagem


ROUPAS
  • Calças jeans, que sejam boas para caminhar e para sair à noite
  • Bermudas (1 ou 2), de preferência com bolsos e de tecido que seque fácil
  • Calça de abrigo (nylon, tac-tel, etc) – opcional (pode ser usada p/ dormir também)
  • Casaco para o frio, de preferência impermeável
  • Bota
  • Cachelol
  • Gorro
  • Luvas 
  • Segunda pele segunda pele e/ou thermal underwear - opcional, mas se for frio é legal pq ajuda bem e quase não ocupa espaço.
  • Camisetas (entre 4 e 8, dependendo da intenção de comprar mais na viagem)
  • Moletom e/ou blusão e/ou bluse de fleece
  • Pijama ou roupa mais confortável para dormir
  • Cuecas (entre 5 e 10, conforme intenção de lavar no banho ou em lavanderias)
  • Meias (entre 5 e 10 pares, conforme intenção de lavar no banho ou em lavanderias)
  • Chinelos (1 par de havaianas, para tomar banho em banheiros coletivos e p/ usar na praia)
  • Tênis (1 ou 2)
  • Boné / viseira / chapeu - opcional, bom para caminhadas no sol
  • Se der , leve coisas que se pode jogar fora depois, assim sobra espaço na mala pra roupas que comprar lá.


HIGIENE e SAÚDE
  • Nécessaires
  • Aparelho de barbear com lâminas suficientes (despachar)
  •  Shampoo (despachar)
  • Sabonete com porta-sabonete ou líquido (para não ficar grudando no papel a cada uso)
  • Toalha de banho leve (para secar rápido)
  • Pasta de dente
  • Escova de dente / Fio Dental
  • Pente ou escova
  • Colírio
  • Protetor solar (despachar)
  • Manteiga de cacau (para os lugares com frio, muito sol ou vento). Dependendo da pele, leva hidratante também.
  • Talco (para pés e tenis)
  • Cotonetes
  • Cortador de unhas (despachar)
  • Lenços (para quem tem rinite)
  • Remédio para dor de cabeça, de estômago, diarréia, engov, epativan, dramin, alergias (claritin, por exemplo) e gripe (quantidades pequenas)
  • Remédios de uso contínuo (quantidades pequenas e com receita médica)
  • Vitaminas
  •  Band-aid
  • Desodorante
  • Lentes de contato e/ou óculos de grau
  • Produtos para limpeza e conservação de lentes de contato (máximo 120ml)
  • Óculos de sol e capinha do óculos pra guardar na mala
  • Repelente
  • Papel higiênico


ACESSÓRIOS
  • Máquina fotográfica
  • MP3 player (não esqueça do fone de ouvido)
  • Pilhas extra
  • Carregador de pilha
  • Cabos dos carregadores
    • Celular
    • Xoom (meu tablet rs)
    • MP3 player
    • Câmera
    • etc
  • Livros e quem tiver, lanterna de leitura
  • Cartão de memória
  • Celular habilitado para roaming internacional - opcional
  • Carregador de celular
  • Xoom
  • Carregador de Xoom
  • Adaptador universal de tomadas
  • T ou beijamin
  • Porta dólares (hidden bag)
  • Passagens e voucher do seguro de saúde
  • Caneta (é sempre bom ter uma para preencher formulários ou anotar informações)
  • Relógio com despertador (lembrar de ajustar o fuso horário assim que chegar no lugar)
  • Guia de viagem, mapas, etc.
  • Agulha e linha para pequenos consertos de vestuário ou bagagem
  • Canivete – opcional (despachar com a bagagem)
  • Saca rolhas - (despachar com a bagagem)
  • Carteira
  • Sacolas plásticas para separar roupas molhadas ou sujas
  • Secador de cabelo, pra quem usa


DOCUMENTAÇÃO
  • Passaporte com validade mínima de 6 meses (levar passaporte antigo também, se tiver)
  • Cópias do passaporte, para caso de perda (deixar na mochila ou outro lugar seguro)
  • Carteira de motorista (para aluguel de carro, com no mínimo 5 anos)
  • Documento de identidade nacional (para deixar como garantia quando necessário)
  •  Cópias de contracheques, extratos bancários e/ou Imposto de Renda (para a imigração)
  • Outras provas de capacidade econômica (limite do cartão, propriedade de veículo, etc.)
  • Passagens aéreas de ida e volta (e cartão de fidelidade da empresa, para crédito das milhas)
  • Seguro de saúde e bagagem com cobertura mínima de EUR 30.000,00
  • Nomes, endereços e demais informações de cada albergue:
    • Paris
    • Praga
    • Brno
    • Budapeste
    • Amsterdan
  • De 50 a 100 Euros ou dólares (para pequenas despesas antes de sacar nos caixas automáticos)
  • Reais para pequenas despesas no trecho no Brasil (comida, táxi, ônibus)
  • Cartões de crédito (de preferência 2, um para todo dia e outro para guardar para eventualidades), com limite razoável e validade para pelo menos 2 meses depois do fim da viagem
  • VTM / Travel checks
  • Lista com telefones de de embaixadas ou consulados em cada país
    • França
    • Rep. Tcheca
    • Hungria
    • Holanda
  • Lista com códigos de acesso a cobrar para o Brasil pela Embratel para cada país
    • França
    • Rep. Tcheca
    • Hungria
    • Holanda

COISAS A FAZER ANTES
  • Confirmar vôo com 2 dias de antecedência
  • Fazer o checkin online (dependendo do modelo de avião dá pra saber os lugares mais espaçosos na internet)
  • Ligar no banco/cartões de crédito informando da viagem
  • Checar VTM e senha
  • Se for ficar muito tempo em um lugar só, verificar preço de chips pré pagos pro celular, de preferência com plano de dados
  • Ligar para operadora de celular informando da viagem
  • Pagar ou agendar pagamentos durante a viagem
    • aluguel
    • cartão de crédito
  • Mandar e-mail pra todos os albergues confirmando que estamos saindo
  • Registrar produtos eletrônicos na Receita Federal nos aeroportos antes de viajar
  • Ficar esperto com regras sobre o que pode levar pra cada país, em especial comidas. E ficar esperto com as regras do aeroporto (sem líquidos na bagagem de mãos e tal, bem como peso da mala) 
  • Importante: quem vai pegar vôos internos na Europa verificar o limite de peso e bagagem desses vôos também. Normalmente os Low Cost vão te deixar levar muito menos do que o vôo do Brasil.
  • Quem quiser fazer comprar maiores, se informar sobre políticas de devolução de impostos (grandes chances de ter que mostrar o passaporte na hora da compra).
  • Cuidado com metal nas roupas, devido ao raio x do aeroporto. Nunca passei por isso, mas já vi gente tendo que tirar cintos e o escambau.
  • Pesquisar sobre os locais a visitar pra chegar conhecendo um pouco e não perder muito tempo:
  • Pontos turísticos
  • Regiões com pubs
  • História e algo da língua local (pelo menos um "obrigado", "desculpe", "não falo XXX", etc).
  • Hábitos, comidas e bebidas locais
  • Previsão do tempo na época da viagem
  • Dicas de segurança

22 setembro, 2011

Android Development tool: MOTODEV Studio

This is a different post. In so many ways... 
  • This post is a kind of advertisement, but it is an advertisement of a great product: useful, free, no tricks involved, etc. And this is the product I’m working on! (We are a good team developing it, believe me).    
  • It is technical. Am I a tech guy by profession, but I use to use this blog for other discussions. 
  • It is in English :)

Let’s go! 

Android Development 

If you got here you are interested in AndroidTM development, which is great since Android is a very nice and powerful operating system. 

In fact Android is more than an OS, it is a software stack for mobile devices (may be not so mobile in the future) that includes the operating system, middleware, and key applications. Android also provides you a market that makes it easy for you to distribute and sell your applications.

If you are new to all of it, take a look at these links: 

I have this feeling that so far it was all blablabla for you. After all you already know what Android is, right? 

So what about development?  Off we go. 

First thing you need is to have the Android SDK (software development kit), and to understand the Android basics and architecture. Begin by the Dev Guide. For the development environment, you will probably use Eclipse

Android provides you a set of plugins called ADT that helps you a lot providing the basics for Android development. Here you will see a step by step on how to install the ADT plugins into your existing Eclipse installation to make it Android aware. 

But before going there, take a quick look at the next section. 

MOTODEV Studio for Android

Although Eclipse is great and ADT plugins are great, you can have a more complete and in-a-box experience with MOTODEV Studio for Android. 

It is a IDE (Integrated Development Environment) based on Eclipse, that lets developers who are new to Android get started quickly and helps experienced developers get the job done even faster. 

Some important points about MOTODEV Studio for Android: 
  • It is free! Really. You need to create an MOTODEV account and for that you only need an e-mail. With that account you be able to: download Studio, participate in development forums and some more.  
  • It is for Android development, in general. So, yes, you will be able to create applications for each and every Android device, not only devices from Motorola Mobility, Inc. And your apps are pure Android, no tricks.  
  • It does not compete with Eclipse. And it does not compete with Google ADT. It works together with those, complementing the existing features with some nice stuff. If you install MOTODEV Studio from scratch (not over an existing Eclipse installation) you will be installing Eclipse plus ADT plus some other features that composes MOTODEV Studio for Android. The only difference is that it will happen on a single step.  
  • As it was implicit on the previous bullet, there are some other features and possibilities with Studio. For a new developer it will help you with samples, code snippets, wizards to create most common application components and more. For the experienced ones there are features to help you to test, help you localize your apps, perform static analysis, create apps faster, and more. 

That all said, my suggestion is for you to try it: 

After trying, if you want just appear in the discussion boards for a chat, for questions, suggestions (they will be heard) for help with development… well… you got it. 

To keep updated with the product latest news, check out the blog.



Android and Android Market are trademarks of Google Inc. 
MOTODEV Studio and its documentation are copyrights from MOTOROLA Mobility, Inc.

07 setembro, 2011

Informação fast food

Palavra do dia: "saber".

Vem do verbo latino 'Sapere' que significa entre outras coisas: ter gosto, conhecer através do paladar, sentir prazer ao apreender algo. Mesma origem da palavra "sabor".

Etimologia curiosa numa época de super informação, sempre resumida e digerida, as vezes em 140 caracteres... as vezes me parece que esse tipo de informação instantânea acaba não tendo mais tanto sabor assim... sei lá... preciso de livros. Preciso de discussões críticas, de informações não digeridas.

Se saber é primo de sabor, seria essa a era da 'Informação Fast Food'? As vezes, na pressa do dia-a-dia um fast food vem à calhar, sem dúvidas quanto à isso. 

Mas eu, de minha parte, ainda gosto de um bom slow food (preparado com calma, alma e cheio de sabor), de tempos em tempos.

23 agosto, 2011

“O gene mágico do povo Europeu”, ou, “políticas públicas pra que?”

Nessas últimas semanas, tive algumas discussões em redes sociais e e-mails sobre três assuntos distintos, a saber:

a. mudanças na regulamentação de TV a cabo (um canal nacional obrigatório pra cada n canais internacionais);
b. projeto de lei para criação de ciclovias com dinheiro de multas de trânsito.
c. função e utilidade dos sindicatos.

Antes que os puristas me corrijam, sim simplifiquei muito os itens acima. E fiz isso por querer, minha reflexão aqui não é exatamente sobre nenhum dos itens em si. E que fique claro também que o que vou discutir aqui apareceu na minha cabeça muito superficialmente, quase filosoficamente, não estou dando uma de telepata e afirmando o que a galera pensava nessas discussões.

Essa minha reflexão de hoje é quanto a um determinado tipo de pensamento que me pareceu se repetir muito naquelas discussões. A profusão de opiniões como “se fosse na Europa funcionaria”, “aqui no Brasil não tem jeito, nada vai dar certo”, "Todos estão contra mim"...

Não vou ficar copiando e colando exemplos, mas no geral sinto meio que como se as pessoas esperassem que a "maturidade" (pra usar um termo mais empresarial) apareça assim... do nada. E, mais legal:  pra todos ao mesmo tempo. Enquanto isso não acontecer, beleza, eu continuo aqui não me importando.  Preciso usar um termo em inglês aqui, mas parece que todas as conquistas e fracassos (sejam nossas ou de outros) são “taken for granted”.

O Gene mágico

Fico me perguntando, será que o povo Europeu tem um gene mágico que faz com que eles todos sejam incondicionalmente bonzinhos? E que nós brasileiros não temos o que fazer então?

Pegue-se o caso das bikes. Na Holanda usa-se muita bicicleta? Yes, sir. Mas será que é devido a algo intrínseco da biologia do Holandês? Será que é devido ao clima propício com bastante neve, frio, e chuva pra caralho?

Penso que talvez a criação de car free zones (áreas nos centros das cidades nas quais carro é proibido, não importa o tempo ou quanto dinheiro você tenha ou motivos pra chegar rápido) aliada a uma malha cicloviária muito bem feita com inúmeras regras para os ciclistas (quase que se precisa de um curso pra alugar uma bike lá) e também vias bem cuidadas ligando todo o país tenham algo a ver.

"Eles cuidam da "sujeira" dos seus cachorros"? Será que a multa pra quem não cuida e a fiscalização ferrada sobre animais de estimação (incluindo denuncias de vizinhos) não tem a ver com isso?

"Olha que europeus ecologicamente corretos, levam mochilas pros mercados em vez de sacolas descartáveis." Tá, levam. Mas talvez será que o fato de cobrarem, e caro, pelas sacolas não ajude nesse hábito? "Guardam os carrinhos de volta no supermercado", e o euro que se deixa de reserva ao pegar o carrinho?

"Sindicatos são inúteis, só tomam meu tempo e um dia do meu salário por ano". Será? E se fossemos lá votar direito, brigar pelas nossas propostas (aliás, fazendo propostas coerentes)? Será que não seria melhor que reclamar por ai ao vento? Eu não acho que limite de horas semanais, salário mínimo, CLT, licença maternidade e tantos mais sejam inúteis. Sindicatos tiveram conquistas legais sim. E podem nos ajudar de novo em caso de uma empresa querer nos fuder algum dia (isso ocorre as vezes, sério!).

E acham que os europeus ganharam os direitos trabalhistas deles, que em alguns casos são melhores que os nossos, de graça (ou porque seus governantes são intrinsecamente bonzinhos)? Movimento sindical inglês? Revolução francesa? (perceberam a existência da palavra revolução no termo “revolução francesa”?)? Baderna Levante popular agora recentemente em Londres?

Meu ponto? Claro que tem casos e casos, situações e situações, problemas e problemas. Mas muitas vezes tá parecendo que a gente prefere jogar a culpa pra cima (tadinhos de nós), como se um gene mágico ajudasse alguns países privilegiados.

Políticas públicas

E onde entram as políticas públicas? Em vários desses casos acima, acho que uma boa aplicação de políticas públicas acaba condicionando o hábito que por sua vez depois vira cultura (car free zones, pagamento de sacolas de plástico em mercados, multas por sujeira de cachorro, etc). 

E quando alguma política pública tenta surgir aqui só escuto reclamação. "Querem canais nacionais na minha TV" (tirando meu direito de escolha), "querem ajudar a TV cultura", "querem ajudar famílias pobres", "querem redistribuir renda", "querem um plano que garanta internet na maioria das casas do país, sendo que no sul e sudeste já tá bom". Onde já se viu? Isso só funciona na Europa (já que eles têm genes mágicos). 

Aqui? Uai, deixa que aqui o mercado de auto-regula (afinal todo mundo sabe que o liberalismo econômico tende à justiça no longo prazo, né?). 

Aqui? qualquer lei, política ou decisão vão estar incondicionalmente erradas. Então eu nem preciso ler e opinar uma a uma. Depois escolho meu candidato pela campanha da TV que é bem mais prático.

Quanto às novas regras pra TV, que foi uma das discussões que gerou essa reflexão, minha opinião muito inocente (admito que não li a proposta na íntegra, então
ainda não tenho algo muito forte na cabeça) é de que pode sim ser uma iniciativa interessante. Se vamos ter canais a mais, e se se canais nacionais forem competir com canais internacionais de igual pra igual, os internacionais vão ganhar. Muito mais lucrativo. Na verdade, investimento muito mais certo.

Mas temos produção cultural nacional boa sim (tanto em música, quanto em cinema, quanto em TV... todos impactados por essa decisão). Então talvez seja o caso de alguma política pública ajudar um pouco. Conheço muitos casos, por exemplo, de cidades nas quais uma banda local deve abrir um show de uma banda de fora (é lei municipal em várias cidades brazucas inclusive). No longo prazo isso ajuda bastante as bandas a saírem do limbo. Afinal, os "caras" tem que contratar bandas locais se quiserem um show "de fora".
Protecionismo cultural se vê muito por ai, mesmo (e talvez principalmente) entre os "europeus bonzinhos".

 Será que deixar o mercado regular a TV vai ajudar a produção cultural local? Sério mesmo: acham que os enlatados já prontos não vendem muito mais, num primeiro momento, até que a cultura finalmente se estabeleça? Tenho minhas dúvidas.

Complexo de coitadinho

Se
esse post já tava maluco (dia ruim), agora que minha linha de raciocínio se perde de vez... muita preguiça de tentar passar minha "lógica" (??) para o texto escrito. 

Mas acho que muita gente é um bando de crianças grandes com complexo de coitadinho e acha que o mundo todo é um complô. Cair na real e ter uma visão mais otimista  construtiva vai bem as vezes!

"Aqui" não são mil maravilhas

Claro que não to falando de virar Poliana e aceitar tudo sempre. Tem muito erro, seja onde for. Mas dá pra tentar diferenciar erros de acertos e deixar de pensar que o mundo tá contra mim, usando isso como justificativa pra não fazer nada. 

Não acredito num gene mágico que torne "os outros" bons ou "a gente" ruim, e acredito em batalhar pra melhorar seu ambiente. 

E nem to falando só de países: pense em qualquer instituição ou relação social. Sua casa, seu trabalho. Não precisamos de tanto pessimismo ou torcidas contra. Que tipo de diferença você está fazendo?

31 maio, 2011

Memória e responsabilidade


Uma vez, lá pelos anos de 2001, visitei a linda Polônia e os não tão lindos campos de concentração em Auschwitz. A visita e as lembranças dariam um post de 1000 páginas, então vou ficar só com o que me lembrei ontem ao ler nossos jornais. E o que me lembrei foi da pergunta que me fiz no começo, quanto ao sentido de manter aquele lugar como ponto de visitação. Parte da resposta me foi dada na placa na saída: 


"Aquele que não recorda a História está condenado a vivê-la outra vez"


Ilha Grande


Ao visitar a Ilha Grande, no Rio, e ver os destroços do presídio destruído, aquela plaquinha lá de Auschwitz  fez mais sentido. O presídio foi dinami­tado e demolido em 64. Perdendo assim um importante patrimônio histórico e cultural, pelo menos em certo sentido. Afinal, podemos até esquecer de como a mente humana transformou uma ilha linda (e põe linda nisso) em uma masmorra ditatorial. Lembra um pouco das discussões de Foucault sobre A Prisão.

A ficção


Tem exemplos legais na ficção sobre o uso consciente desse tipo de estratégia, de se esconder a história. Sempre me vêm à cabeça o ótimo livro 1984, do Orwell e sua Thought Police. Mais especificamente essa passagem (que também é conhecida pelos fans do Rage Against The Machine): “Who controls the past controls the future; who controls the present controls the past”. Adoro essa passagem, principalmente na música, ficou animal.


Finalmente, porque pensei nisso lendo as notícias ontem?


Olha o que tava lendo no O Globo:  “BRASÍLIA - Reinaugurado nesta segunda-feira, o chamado Túnel do Tempo do Senado, que retrata os principais fatos da história brasileira desde a proclamação da República em 1889, acabou suprimindo acontecimentos mais recentes como o impeachment do ex-presidente Fernando Collor de Mello, aprovado pela Casa em 1992. Embora visivelmente constrangido com a omissão no painel, o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), tentou minimizar o fato, argumentando que o impeachament teria sido "um acidente" da história recente.


E olha a resposta do Sarney ao ser questionado: “- Olha, eu não posso censurar os historiadores encarregados de fazer a história. Talvez esse episódio seja apenas um acidente que não devia ter acontecido na história do Brasil. Mas não é tão marcante”.


O senado julga o processo de impeachment de um presidente devido a corrupção (em especial ao lance do PC Farias, mas não vem ao caso pra minha presente crítica). O senado condena esse presidente à perda do cargo e a uma inabilitação política de oito anos  (tudo bem, ele saiu de maneira semi honrosa renunciando antes). Acontecimento único na história do Brasil. E quase único em toda a história da humanidade. E... ahh, nem merece estar no túnel do tempo do senado. Afinal, nas palavras do Sarney: foi apenas um acidente e não marcante.


Faço minhas as palavras de Orwell e de Auschwitz , e vou ouvir um Rage Against The Machine básico durante essa manhã:


-  Aquele que não recorda a História está condenado a vivê-la outra vez!


- Who controls the past controls the future; who controls the present controls the past!

28 janeiro, 2011

Agito (ou Egito) BBB 2011


Duas reações diferentes...

Uns dias atrás o ex-namorado de uma(um) atual BBB, ex-homem, ilustre ex-desconhecido(a) e atual conhecida(o), mas provavelmente futura(o) desconhecida(o) anunciou algo sobre essa pessoa. Reação na empresa onde trabalho: euforia, todos querem saber qual foi o anuncio.

Mais recentemente duas ilustres ex-desconhecidas do mesmo BBB se beijam. Reação ao meu redor ao lerem a notícia: sala em polvorosa (s.f. azáfama; grande atividade; agitação; rebuliço). Pessoas param o que estão fazendo pra ler sobre o fato, olhar pra tela do portador da mensagem.

Tá... vá lá... Num sou nenhum obervador de vidas alheias, muito menos de desconhecidos (atuais, ex, ou futuros), mas tem gente que gosta disso.

Hoje: sai na mídia que o Egito cortou a Internet de sua população. Reação das pessoas ao meu redor: nula. Reação que leio em posts na net, buzz, facebook, etc: "Onde já se viu, se fosse aqui eu ficava louco!", ou então "País de merda que faz uma coisa dessas, têm que se fuder mesmo". 

Tá... vá lá... as vezes as pessoas não conhecem o que tá acontecendo e emitem opinião no calor do momento sem tentar entender mais a fundo. Eu faço isso o tempo todo...

Um pouco depois um colega mostra na tela dele as cenas em tempo real transmitidas pela Al Jazeera, conseguindo transmitir via satélite, mesmo durante o "apagão informacional" do governo. E mesmo enquanto o exército invade o próprio prédio de onde estão transmitindo. Eram cenas de guerra, típicas de filme mesmo. Reação das pessoas: nenhuma. Algumas olham (algumas poucas) e voltam a falar da novela. Ou, quando tecem algum comentário, é na linha do "país de merda, merece mesmo".

Caras, nada contra nenhuma pessoa ou contra interesses dessas pessoas. Cada um cada um, cada qual cada qual. Eu gosto de Buffy rs.

Mas isso me fez divagar e querer postar de novo, e se todos têm direito a se expressar, eu também tenho.

O Egito, e a Internet.

Um governo ditatorial de mais de 30 anos é questionado pelo seu povo. As manifestações são agendadas e organizadas pela Internet. 

Alguns usam a internet pra ver putaria, outros pra fofoca, outros pra cultura, alguns pra flash mobs (como andar de cueca por São Paulo). Os Egipcios resolveram usar pra organizar um movimento de resistência.

Mais do que isso, a Internet acabou sendo um meio para escrever a história enquanto ela ocorre, e do ponto de vista do oprimido e não do opressor. Olhem a wikipedia (até o momento em que escrevi esse post tava lá a página):

Ou seja, muita informação. E até um nome pra data, o "Day of Anger"! E tô falando sobre algo que ainda está acontecendo.

Na mídia "formal"? 

Fizemos questão de ligar a TV agora há pouco, as noticias que aparecem nos textos durante a programação da Globo News são do tipo: "manifestantes queimam carros", "manifestantes queimam prédios", "manifestantes queimam ônibus". Num dão muito destaque (embora tenham sim citado) ao regime, às condições de vida, nem tampouco às pessoas que estão se queimando (isso mesmo: colocando fogo em si mesmas até a morte) em protesto. Também não falam da população receber os manifestantes com alegria, acenando das janelas com bandeiras do Egito.

Voltando à Internet

A wikipedia, os blogs, e a Al Jazeera estão lá, contando a história sob outra perspectiva pra quem quiser ler. A história, olhem que raro, não está sendo re-escrita depois, pelo vencedor, mas está sim sendo escrita sincronicamente por ambos os lados.

Pera ae! O povo tá usando a Internet pra se organizar, e depois ainda por cima pra contar a história? O que o governo faz? Derruba a Internet (em dimensões sem precedentes até hoje), claro. E já aproveita e derruba as redes de celulares também.

Voltando à motivação do post. Qual a reação que vejo de pessoas nos posts a que eu tenho acesso quanto a isso? "Paisinho de merda, tem que se fuder", "Nossa, imagina eu sem minha Internet!".

O que nos chama a atenção.

Futebol chama a atenção. Fofoca chama a atenção.
 
A "história" acontecendo agora? Nãããão, deixa pra lá. Uma estação de TV sendo invadida pelo exército em tempo real? Xiii... é tudo muçulmano, num tem interesse pra mim.
 
Me pergunto: se fossem cristãos, será que chamaria mais a atenção? Se fossem parentes /conterrâneos de um dos Big Brothers, que tivesse comentado no ar sobre o conflito,  talvez? Ou se a globo resolvesse mostrar mais a fundo? 

Ou não, talvez toda essa discussão sobre ditaduras, uso de midias, direitos humanos, mortes, rebeliões, realmente não seja interessante mesmo.

Outra viagem que tive: se a mesma história tivesse sendo contada por um diretor pop, como o Emerich ou o Spielberg, e com toda aquela aura midiática de Hollywood, será que seria minimamente mais interessante do que ver o the real thing acontecendo?

Reality versus Real

Essa última viagem, sobre se o mesmo caso sendo contado por um diretor de Hollywood seria mais chamativo, me leva a outras divagações malucas.

Como disse o Auro, o que é exibido como realidade é tratado com tanta naturalidade que quando o que é real de fato toma parte, é rejeitado com a alcunha de falso, irreal, desinteressante.

Não tem graça ver uma rebelião de verdade, parece até mentirinha.

Me lembrou de umas críticas que ouvi quanto ao último filme do Zé do Caixão, diziam por ai que é "tosco", irreal, mal feito. Mas o filme dele usa cenas reais, no sentido mais estrito da palavra. Ele contrata, por exemplo, masoquistas, pra serem feridos de verdade enquanto ele filma. Mas isso acaba sendo chamado de "mal feito", tosco, irreal. O padrão de realidade parece ser ditado pelos filmes de ficção. 

Será isso uma verdade: "Baudrillard claims that our current society has replaced all reality and meaning with symbols and signs, and that human experience is of a simulation of reality" ??? (http://en.wikipedia.org/wiki/Simulacra_and_Simulation).

O que isso tem a ver com toda a discussão inicial? 

Sei lá, lógica meio não-linear e viajante, mas acho que o resumo seria mais ou menos:
  • Preferimos a ficção en detrimento da realidade?
  • Somos influenciados pela midia de massa ao decidir no que iremos nos interessar?
  • A ficção definiu um novo paradigmna do que seria real?
  • Tá tão calor que eu prefiro ficar escrevendo coisas non-sense na frente do ventilador em relação a deitar na cama e ver um filme?

Auto-crítica

Isso tudo leva a repensar minha relação com algumas coisas. Toda essa crítica se aplica a mim mesmo em várias situações, ver algo "ruim" e considerar normal. Sei lá. Não vou virar nenhum humanitário a partir de hoje, mas repensei algumas coisas.

07 janeiro, 2011

Momento Zé Graça

Nessas férias, assisti a algumas chamadas de novelas, na Globo. O formato é sempre o mesmo, a trama sempre tem um ranço de coisa reaproveitada... resultado dessa reflexão um tanto óbvia, resolvi reaproveitar um lance que eu escrevi sobre novelas, há algum tempo.

Quem sabe não me contratam como auxiliar da Glória Perez? ;)

"Minhas novelas", (originalmente escrito/divulgada em 06/2009):

Enquanto as novelas de Manoel Carlos normalmente se dedicam aos dilemas da classe média carioca, Glória Perez produz textos baseados em uma concepção ousada de geografia e cultura - é quase como uma National Geographic distorcida. A fórmula é conhecida: ciganos (Explode Coração), a Turquia e a clonagem (O Clone), imigração ilegal (América). Agora, a autora aponta para a Índia, com a novela que ganha o prêmio de referência histórica mais infame da televisão brasileira - Caminho das Índias. Nada como culturas exóticas sendo adaptadas para os padrões globais de dramaturgia, né?

Ok, são apenas novelas, e eu não quero fazer uma crítica áspera à produção cultural da televisão brasileira. Pelo contrário, quero fazer uma sugestão à autora... que tal procurar novos lugares e culturas exóticos para serem pasteurizados e avacalhados no horário das oito? Aí vão algumas sugestões para novas novelas:

(entra a narração off típica da Globo)


Vem aí... Ponte da Amizade, a nova novela das oito!

Juan Martinez (Thiago Lacerda) é um jovem paraguaio ambicioso, que herdou de seu tio (Tarcísio Meira) o comércio de cigarros falsificados em Ciudad del Este. Após uma noite de problemas com a Polícia Federal brasileira, ele conhece Pedro Almeida (Fábio Assunção), um brasileiro de Foz de Iguaçu, que está no Paraguai procurando por sua irmã desaparecida, Antonieta (Débora Secco). Ela foi enganada por promessas de vida fácil nos charcos paraguaios, e agora é refém de Pablo (Nuno Leal Maia), um peruano que vivia na Bolívia e muitas coisas trazia de lá. Juan e Pedro irão se aventurar no submundo paraguaio, procurando a jovem desaparecida, e provando o verdadeiro valor da amizade!

Participação especial de Antônio Fagundes e Stênio Garcia, como Pietro e Biño, dois caminhoneiros paraguaios que se metem em muitas ciladas!

De Glória Perez, Ponte da Amizade, a nova novela das oito!

(sobe a trilha sonora, tocando uma guarânia)

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Vem aí... Guantânamo, a nova novela das oito!

Hussef (Wagner Moura) é um jovem descendente de afegões, condenado injustamente pelo governo americano. Ele consegue escapar de seus algozes norte-americanos com a a ajuda de Concepción (Priscila do BBB, em sua estréia em novelas), uma pobre, mas honrada, trabalhadora cubana das plantações de cana de açúcar. Logo, o pobre americano-afegão descobre o valor da simplicidade e do amor, ao apaixonar-se por Concepción e conhecer seus pais, Carlos (José Mayer) e Maricota (Suzana Vieira) e seus irmãos, Pancho (qualquer ator adolescente da Malhação) e Maria Joaquinha (qualquer atriz mirim da Globo). Tudo parecia ir bem, até que um espião do exército americano, Thomas Suaréz (aquele cara que parece o Tom Hanks) chega à Guantânamo, para caçá-lo!

Participação especial de Carlos César Pereio, como Alejandro Casillas, o ditador cubano, e Cristiane Torloni como Louise Veronica, a corrupta embaixadora brasileira em Cuba.

De Glória Perez, Guantânamo, a nova novela das oito!

(sobe a trilha sonora, tocando uma salsa)


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Vem aí... Sete tons de branco, a nova novela das oito!

Stênio Garcia é Bin... digo, é Nunook, um esquimó Inuit. Último sobrevivente de um desastre ecológico no norte do Alasca, Nunook procura se adaptar à vida dos brancos em Anchorage. Para isso, ele conta com a ajuda de Veronica Fish (Vera Fischer) e Thom Bear (Tony Ramos), dois simpáticos e atrapalhados comerciantes de peixe e traficantes de óleo de baleia, que vivem em pé de guerra. Sua problemática filha adolescente, Moonshine (Marjorie Estiano) é o elo de ligação do simples Nunook com o mundo dos brancos. Ela irá descobrir o amor quando o sobrinho desaparecido de Nunook, o jovem Dunook (Cauã Reymond) reaparece misteriosamente. Mas esta paixão será atrapalhado por Gabriel, o rico estudante de intercâmbio brasileiro (aquele guri que fez o Cazuza), herdeiro da rica família Cavalcante (quaisquer atores que façam papel de ricaços na Globo...).

De Glória Perez, Sete Tons de Branco, a nova novela das oito!

(sobe a trilha sonora, tocando... ah, sei lá...)